segunda-feira, 25 de junho de 2012
Canastrice acorrentada
Acabara a farsa. Tinha sido desmascarado e talvez a sala cheia por pessoas estranhas nem tenha se dado conto de tal disparate que encenação tinha chegado ao fim. Ainda tinha os vestígios de maquiagem na cara, acreditava ter sido a encenação convicente e não entendera como mesmo assim foi flagrado. Percorria com os olhos baixos cada centimetro do espaço bem decorado. Sentia-se isolado com um vendaval dentro da cabeça que aos poucos lhe inundava sem lhe deixar chances para gritar por socorro. Não fazia idéia quem havia lhe percebido, quem havia lhe descoberto por debaixo da persona do Prometeu acorrentado. Sim, era Prometeu que encenava aquela noite, mais uma entre várias tragédias gregas que já havia encenado em um palco ou em seu próprio pois misturava realidade e ficção até nas coisas mais simples da vida. Bancava o detetive, numa última tentativa de se sobrepor, de ainda dominar a situação. Sentiu-se humilhado, abandonado, sufocado com a própria agonia. Não sabia como faria agora que tinha sido visto. Não seria mais o ator, o promissor que já havia recebido algumas indicações a prêmios e congratulações por seu provável talento. Percebeu que olhos atentos lhe analisavam, lhe estudavam. No ângulo agudo da sala, aquele de quem já fugira várias vezes. Um possível promissor como ele, porém bem mais novo sem nenhum um vinco no rosto, com o frescor que só os jovens possuem. Ele, de certo modo já velho, o outro ainda no começo prestes a conquistar o que ele havia levado uma década para construir. O outro com sua beleza descomunal e o mundo aos seus pés, enquanto ele comum, apresentando-so no seio da burguesia por uns trocados que lhe garantiriam o aluguel do mês. Ele odiando e amando o rival, e o rival divertindo-se como se o dia nunca fosse raiar. Procurou dentro de si para defender-se da ameça que o outro constituia. Percebeu-se um canastrão acorrentado, castigado pelos deuses, mesmo podendo adivinhar o destino. O outro regente do destino e ele subalterno ao mesmo. Vigarista, leu nos olhos do outro. Acreditou, hora de receber o cachê e cumprimentar algumas pessoas. Hora de deixar esse país, ninguem veria seu fim, nem ele mesmo sabendo que estava próximo e quem vinha sendo trazido por um jovem cavaleiro que mesmo sem querer teria que ter sua cabeça numa bandeja de prata para chegar ao topo.
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Oi !
ResponderExcluirVocê por favor poderia consertar o link do DVD Luíza Possi - A vida é mesmo agora .
Ficaria muito agradecida.
Beijos
Camila Angelina