terça-feira, 20 de abril de 2010

Erykah Badu - New Amerykah, Pt. 2: Return of the Ankh DOWNLOAD


São Paulo - Erykah Badu entrou de sola com a promoção de seu último trabalho. Enquanto seus advogados estancavam o vazamento do disco pela internet, a cantora postou no YouTube um clipe em que caminha por Dallas, tira a roupa em frente a pedestres embasbacados e se joga no chão ao som de um disparo, bem ao lado de onde a bala de um franco-atirador tomou a vida do presidente John F. Kennedy, em 1963. Fora a estratégia desnecessária e arriscada (a cantora tem uma boa base de fãs desde que seu álbum Baduizm estourou nas paradas, em 1997), nota-se também o sabor de ato falho que acompanha a jogada.


Esta fragilidade, que ora se expõe, ora se esconde atrás de atitudes resolutas como o exibicionismo em questão, dá o tom irresistível de New Amerykah, Pt. 2: Return of the Ankh e traz uma bem-vinda dramaticidade ao panorama internacional de divas negras, onde o cardápio é dominado por variantes do cool inabalável de Sade e o glamour de Photoshop de Beyoncé.

Em Gone baby, don't be long, Badu encarna a mulher de um malandro. Sua voz pequena e sensual é reproduzida em diferentes camadas, formando uma polifonia de cantoras que, sobre um groove denso e contagiante, asseguram seu homem de que estarão esperando quando ele voltar da gandaia. Já em Fall in love (Your Funeral), o vocal endurecido de Badu desdenha dos avanços de um pobre coitado e o ameaça com uma citação de ninguém menos vil que o gangsta Notorious B.I.G.

A discografia de Badu é consistente e se às vezes perde um pouco em conteúdo, não deixa de estar bem acima da média. New Amerykah, PT. 1, de 2008, antecipou a tensão eleitoral pré Obama com um hip-hop politizado. Mama's gun (2000) e Worldwide underground (2003), se valeram de timbres acústicos e canções melódicas para ressaltar os vocais de Badu.
No novo disco, a cantora se entremea mais à produção, que leva a mão da própria Badu e de James Poyser, veterano arranjador de Al Green, Mariah Carrey e D'Angelo. A dupla compôs grooves econômicios e batidas contundentes, formando uma narrativa rítmica que progride gradualmente até o ápice do disco, Out of my mind, just in time, uma espécie de suite popular moderna.

A herança cultural deixada pelos mestres do funk não atola o disco em nostalgia. Por isso, neo soul, nome dado ao gênero de Badu, passa longe de captar a essência do que deveria ser simplesmente chamado de música negra de qualidade.

Texto extraido do Diario de Pernambuco em 20/04/2010

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